Conselho da Petrobras, que deu sinal verde para aumento de combustíveis, tem maioria indicada pelo governo Bolsonaro

Conselho da Petrobras, que deu sinal verde para aumento de combustíveis, tem maioria indicada pelo governo Bolsonaro

Bolsonaro que indicou o atual presidente da Petrobras e os antecessores no cargo na estatal.

Petrobras anunciou nesta quinta-feira (17) um novo reajuste nos preços dos combustíveis. As altas, de 5,18% na gasolina vendida às distribuidoras e de 14,26% no diesel, deve pressionar ainda mais a inflação – e provocar novo desgaste no governo Bolsonaro.

O diesel não era reajustado desde 10 de maio – há 39 dias. Já a última alta no preço da gasolina havia sido em 11 de março – há 99 dias. Os preços do GLP não serão alterados. Os reajustes estão dentro das regras da Petrobras.

Há quase um mês, o governo tenta trocar o comando da Petrobras para forçar uma mudança na política de preços da petroleira: em maio, o Ministério de Minas e Energia anunciou a demissão de José Mauro Ferreira Coelho da presidência da empresa e a indicação de Caio Mário Paes de Andrade, atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, para o posto.

Junto com o executivo, o governo pretende trocar os conselheiros da estatal, e encaminhou uma lista com oito nomes de total confiança do Palácio do Planalto e da equipe econômica.

O governo pressionou José Mauro a renunciar, mas ele resistiu – e o governo precisa aguardar os trâmites legais, que preveem que a diretoria convoque uma assembleia de acionistas 30 dias após receber a indicação dos conselheiros. É essa assembleia que elege os conselheiros – mas o governo tem a maioria de votos por ser o maior acionista.

A pressa do governo em tentar mudar o conselho de administração e a diretoria da estatal visava evitar novos reajustes de preços dos combustíveis até a eleição (o que o governo já não conseguiu).

Isso porque os reajustes são definidos pelo Conselho e pela direção da empresa. Mas o governo federal indica a maioria dos conselheiros da companhia. Hoje, o conselho é formado por 11 membros. Desses, seis foram indicados pelo governo Bolsonaro.

Antes de José Mauro Ferreira, o governo já havia demitido dois antecessores: Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna.

Preço de Paridade Internacional

Desde 2016, a Petrobras passou a praticar o Preço de Paridade Internacional (PPI), que se orienta pelas flutuações do mercado internacional – e que faz com que o preço suba acompanhando a alta do petróleo lá fora, e também sofra efeitos da alta do dólar aqui dentro.

A atual política de preços está ancorada em exigências feitas pela Lei das Estatais, para empresas de economia mista, como a Petrobras (que têm o governo como acionista majoritário, mas outros acionistas no seu quadro). A lei, sancionada no governo Temer, determina que os interesses dos minoritários devem ser protegidos – com isso, a empresa não poderia ‘segurar’ os reajustes.

A mudança de política foi uma resposta ao controle de preços que vigorou na estatal entre 2011 e 2014 como parte de uma estratégia do governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) para segurar a inflação, mas que afetou duramente o caixa da companhia.

Apesar de a estatal não ter monopólio sobre o refino no Brasil, a Petrobras ainda é a principal fornecedora de combustíveis no país. Assim, os preços praticados pela empresa acabam tendo reflexo sobre toda a cadeia.

Governo nega subsídio

Segundo o blog do Valdo Cruz, na reunião em que o conselho aprovou a nova alta dos combustíveis, realizada na quinta-feira (16), os conselheiros ligados ao governo tentaram convencer a empresa a segurar o aumento.

A diretoria da empresa, no entanto, afirmou que a equipe do presidente Jair Bolsonaro não aceitou conceder um subsídio para a estatal e para importadores privados trazerem o diesel mais caro no exterior e vendê-lo no Brasil com um valor mais baixo.

Segundo a diretoria disse ao conselho, a única forma de evitar o aumento seria a concessão do subsídio, o que não foi autorizado pelo governo. Sendo assim, o comando da estatal disse que, se segurasse o aumento, teria de importar diesel mais caro e causar prejuízo para a estatal, gerando risco de falta do produto ou ações contra a empresa na Justiça.

g1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Instagram
WhatsApp