Saúde promove 14ª Semana da Luta Antimanicomial em defesa dos direitos de pessoas em sofrimento mental

Saúde promove 14ª Semana da Luta Antimanicomial em defesa dos direitos de pessoas em sofrimento mental

No próximo dia 18 de maio é comemorado, em todo o país, o Dia Nacional de Luta Antimanicomial. Em alusão à data, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Gerência Operacional de Atenção Psicossocial, está realizando a 14ª Semana Estadual da Luta Antimanicomial com o tema “Caminhos para a liberdade: Minha loucura não se prende”, que foi aberta nesta terça-feira (14), no auditório de Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia do campus da Universidade Federal da Paraíba em João Pessoa. O evento prossegue na sexta-feira (17), quando acontecerá a Marcha da Luta Antimanicomial, às 13h30, no Parque Solon de Lucena (Lagoa). A ação é direcionada para pessoas que fazem uso da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), familiares, profissionais e a sociedade civil.

De acordo com a gerente operacional de Atenção Psicossocial da SES, Iaciara Mendes, o mês de maio é muito importante para quem trabalha na Rede, usuários e familiares. “É um mês que se caracteriza pela luta por direitos das pessoas em sofrimento mental. E no centro desse movimento está o combate ao estigma e à exclusão das pessoas com algum sofrimento ou transtorno mental”, falou. Ela adiantou que os municípios também estão com suas ações, durante todo o mês de maio, para que as pessoas tenham conhecimento da luta e o quanto esse movimento é importante para usuários, familiares e trabalhadores da Rede.

Para a professora Ludmila Cerqueira, do Grupo de Pesquisa e Extensão da UFPB “Loucura e Cidadania (LouCid), uma das palestrantes do evento, não é possível pensar em atenção psicossocial em pessoas que tenham sofrimento mental sem pensar em cuidado em liberdade, e chamou atenção para a questão dos manicômios judiciários. “Estou falando de uma população que não é grande, mas que são pessoas que cometeram crime, têm transtorno mental, foram consideradas pelo Judiciário que não podem responder penalmente por isso e a elas é determinada medida de segurança. Se no Brasil já tem uma Reforma Psiquiátrica há mais de 22 anos por uma Lei Federal e para todas as pessoas o cuidado é em liberdade, para essas, que estão em manicômio, também deve ser”, pontuou.

O evento contou ainda com a presença do integrante da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila), José Nílton Monteiro Junior e a representante dos usuários dos serviços da RAPS, Hannah Hocape. “É muito importante o apoio da família na vida de um cidadão para evitar certos tipos de agravos, como o suicídio. Hoje me sinto valorizada no Caps. A assistência é feita por profissionais qualificados e que se mantenha assim, com a valorização dos serviços da RAPS”, declarou.

Durante a abertura, o ator Papa Macedo, que já foi trabalhador da Rede por 10 anos, fez uma intervenção artística representando uma pessoa em sofrimento psíquico; teve apresentação da banda “Passageiro 22” e exposição da arte produzida pelo grupo “Bem Me Quero” formado pelas mulheres usuárias, ambos do Caps Gutemberg Botelho.

A psicóloga Gisélia Araújo realiza as oficinas de arte com as frequentadoras do Caps Gutemberg Botelho. “Nós transformamos a arte abstrata que elas fazem em ecobags que são comercializadas e a renda é revertida para o projeto na compra de matéria-prima, como algodão, tinta, etc. Quando se fala em saúde mental, a arte sempre aparece como uma forma de se expressar livremente e, com isso, a gente consegue identificar que elas ficam mais estabilizadas em suas patologias e há um estímulo à autonomia e a autoestima eleva porque gostam de ver as pessoas apreciando e comprando as artes delas”, disse.

A.S.B, de 38 anos, é atendida em Caps há 12 anos. Ela participa do grupo de mulheres. “Esse trabalho de arte significa para mim colocar para fora o que eu sinto, minhas angústias e meus aperreios. É o que gosto de fazer e me ajuda muito”, ressaltou.

Serviços da RAPS na Paraíba – Na Paraíba são ofertados 208 serviços pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), sendo120 Caps  – Centro de Atenção Psicossocial. Destes, são 76 Caps I; oito Caps II; cinco Caps III; 14 Caps i – Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil; cinco Caps AD – Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas; 12 Caps AD III 24 horas. Dos 120 Caps, 113 são com custeio do Ministério da Saúde e sete custeados pelos municípios.

Além disso, têm mais 88 serviços, sendo 16 SRT – Serviços de Residência Terapêutica; 42 Programas de Volta para Casa; duas Unidades de Acolhimento Transitório adulto e três infantojuvenis; cinco Consultórios na Rua e 20 Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral. E ainda mais três equipes multiprofissionais especializadas em saúde mental.

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