Dois dias após o último ataque racista sofrido pelo atacante do Real Madrid Vinicius Jr., durante um jogo no domingo (21/5), a Polícia Nacional, da Espanha, anunciou a prisão de sete pessoas por crime de ódio direcionado ao brasileiro.
De acordo com a corporação, quatro delas estão envolvidas com o enforcamento de um boneco com a camiseta do atleta em uma ponte de Madrid, em janeiro, e as outras três dispararam as ofensas ouvidas no estádio no último domingo. Todos são homens de origem espanhola.
A prisão dos envolvidos no crime que simulou um enforcamento de um boneco negro foi feita quase quatro meses depois do ocorrido. O episódio, ocorrido em 26 de janeiro deste ano, é visto como o auge da violência sofrida por Vini Jr. por mostrar uma intenção de homicídio do grupo de ofensores. De acordo com a polícia, os criminosos têm 19, 21, 23 e 24 anos e, segundo imagens divulgadas pela corporação, todos são brancos. Além disso, três deles são membros ativos de um grupo radical de torcedores de um clube de Madrid, chamados ultras vermelhos e brancos.
Já a detenção dos três torcedores que dispararam ofensas racistas contra Vinícius no domingo foi feita na cidade de Valencia. Foram três homens entre 18 e 21 anos e a Polícia Nacional afirma que continua na busca de novos ofensores.
De acordo com o jornal madrilense El Mundo, o trabalho da polícia é feito a partir da monitoração e vistoria de vídeos gravados dentro e fora do estádio. O veículo também ouviu a líder do governo de Valencia, Pilar Bernabé, que garantiu que medidas para evitar novas ofensas estão em construção “tanto com a La Liga como com a Federação de Futebol”. A ideia é “lançar uma campanha contra o racismo nos campos de futebol”.
“Não há nada mais antagônico aos valores do esporte e da sociedade espanhola como um todo do que manifestações racistas e xenófobas”, declarou Pilar ao El Mundo.
Ofensa racista do último domingo colocou o mundo do futebol em alerta
Aos 24 minutos do segundo tempo da partida deste domingo (21/5) contra o Valencia, o atacante foi interrompido em uma jogada em direção ao gol, com a invasão de uma segunda bola em campo. Vini e outros torcedores do Real Madrid reclamaram da interrupção e os torcedores do Valencia não gostaram da reclamação. Responderam chamando Vini Jr de “macaco”.
O brasileiro denunciou os ataques e a partida continuou paralisada por oito minutos. Os torcedores foram advertidos duas vezes, pelo sistema de som do estádio, que anunciou a paralisação da partida devido ao mau comportamento da torcida. Os avisos, porém, não foram levados em consideração, os ataques continuaram e Vini passou a discutir com os torcedores.
Quando o jogo retornou, Vini se envolveu em um embate com o goleiro Mamardashvili, do Valencia, e foi expulso após o VAR mostrar que o brasileiro atingiu o rosto do atleta. Após a expulsão, Vini Jr. usou as redes sociais para repreender a La Liga, responsável pelo Campeonato Espanhol, e apontar uma omissão da entidade.
“Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo,” declarou o jogador.
Na mensagem, o brasileiro também deixou em aberto uma possível saída da Espanha. “Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui.” A fala de Vini Jr não foi bem recebida pelo presidente da La Liga, Javier Tebas Medrano, que não demonstrou solidariedade ao jogador e afirmou que o brasileiro criticou e insultou a entidade.
“Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é e o que a La Liga pode fazer em casos de racismo, tentamos te explicar, mas você não apareceu em nenhuma das duas datas combinadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e insultar La Liga, é preciso que você se informe bem, Vini Jr. . Não se deixe manipular e certifique-se de compreender plenamente as competências de cada um e o trabalho que temos feito juntos,” escreveu Tebas nas redes sociais.
Fonte: Correio Braziliense