A história de Amanda Honório da Silva, uma jovem de 21 anos, moradora da zona rural da cidade de Juru (PB), é inspiradora sob vários aspectos. Um deles é ela ter conseguido passar em Medicina, sempre estudando em escolas públicas, e não ter se deixado abater pelo recebimento do diagnóstico de ter um tumor desmóide, benigno, mas bastante agressivo. Em tratamento no Hospital do Bem, em Patos – pertencente à rede estadual de saúde –, desde setembro de 2021, ela contou que sua admiração pela profissão aumentou após o diagnóstico da doença e tudo o que tem vivido na unidade de saúde.
A cada três meses, Amanda realiza ressonância e a última delas, inclusive, feita em novembro último, mostra regressão do tumor e a eficácia do tratamento. “Serei médica para tratar das pessoas como estão tratando de mim no Hospital do Bem e a Oncologia é hoje a área da Medicina que mais me inspira por tudo o que vivi até agora”, destaca Amanda, que começa a cursar Medicina em outubro, na Universidade de Pernambuco (UPE).E a opção por estudar na UPE e não na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde ela também obteve nota para entrar no Enem foi, justamente, para poder continuar fazendo o tratamento no Hospital do Bem. “Se eu optasse pela UFPB, não poderia mais ficar fazendo o tratamento em Patos. Então, eu escolhi a UPE. Eu estou muito satisfeita com a assistência do Hospital do Bem, os médicos, os profissionais são muito bons”, disse Amanda que, todos os meses, recebe da unidade a medicação oral Tamoxifeno, que ela toma 3x ao dia.Na unidade oncológica do sertão, Amanda é acompanhada por uma equipe multidisciplinar que inclui a oncologista Nayarah Xavier, o cirurgião oncológico Wostenildo Crispim e ainda o urologista Marcílio Moreira, que acompanha a paciente em função da doença dela interferir também na função renal.
Segundo o médico Wostenildo, a paciente chegou ao Hospital do Bem, em 2021, com o diagnóstico de um nódulo no ovário esquerdo. “Na cirurgia de tentativa de ressecção do ovário, identificamos que o procedimento não teria êxito e fizemos uma biopsia, que deu como resultado um tumor desmóide no ovário, que já se espalhava em outros órgãos. Neste caso, a cirurgia seria muito mutilante para a paciente, comprometendo sua qualidade de vida. Optamos pelo tratamento conservador, com bloqueios hormonais, com cateter de duplo jota e acompanhamento e que está surtindo efeito”, relatou.
Ainda segundo o cirurgião, que sempre incentivou a paciente a não desistir do sonho de cursar Medicina, o tumor de Amanda é benigno, mas precisa de acompanhamento. “Inclusive, dependendo do tratamento feito aqui, talvez ela não precise nem mais fazer a cirurgia ou se fizer a cirurgia, será um procedimento bem menor”, destaca o médico que, recentemente, identificou o crescimento do outro ovário que está um pouco maior, mas que também está sendo acompanhado pela equipe.
Amanda, que já sentia dores há muitos anos, mas que só teve seu diagnóstico fechado quando chegou ao Hospital do Bem, segue seu tratamento na unidade, enquanto começa a fazer planos futuros. “A Medicina era um sonho antigo. Difícil, mas não impossível de realizar. Eu sempre estudei em escola pública, desde o ensino fundamental até o ensino médio. Quando terminei o médio, fiz três anos de cursinho on-line em casa. Eu estudei sozinha durante a preparação para o Enem e só passei para Medicina no meu terceiro ano estudando. Mas consegui. Quanto ao tratamento, vou continuar confiando que tudo será resolvido e que, no futuro, sairei da condição de paciente, para quem vai cuidar e tratar outras pessoas”, finaliza a futura médica Amanda Honório da Silva.