Falta de planejamento de gestores públicos motiva interrupção de construções, diz especialista; cerca de 38% das obras do país estão paradas
Quatro a cada 10 obras no país estão paralisadas, conforme indica levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU). Hoje, o Brasil tem 22.559 empreendimentos no papel, mas 8.674 deles foram interrompidos – o equivalente a 38,5% do total.
O total investido nessas obras paralisadas é de R$ 27,2 bilhões, de acordo com a Corte.
Para fazer o levantamento (acesse aqui o sistema), o TCU reuniu informações dos principais bancos de dados oficiais do país.
Com essa quantidade de obras paralisadas, a falta dos serviços que seriam disponibilizados afeta milhares de pessoas. Inúmeros brasileiros teriam suas vidas melhoradas por essas estruturas ou mesmo dependem delas; este é o problema mais grave, segundo a gerente de projetos da Transparência Brasil, Marina Atoji.
Dessa forma, o acesso desses cidadãos a direitos como saúde, educação, transporte, saneamento fica gravemente prejudicado.
“Outro problema é o desperdício de dinheiro público. Como as estruturas que chegam a ser construídas se deterioram com o tempo de paralização, o custo final da obra, caso seja retomada, aumenta, pois é necessário fazer reparos nessas partes, ou mesmo reiniciá-la do zero”, aponta Atoji.
Isso porque a estrutura ficou tanto tempo à mercê das intempéries que não serve mais. “Ao fim, também prejudica o acesso a direitos, pois o gasto público é feito com ineficiência e compromete o investimento em outras áreas”, continua a especialista.
Causas
A falta de planejamento na execução dos empreendimentos é apontada pelos técnicos do TCU como o principal fator de paralisação para obras de baixo e de alto valor.
A maioria está ligada a projetos básicos deficientes e à falta de contrapartida e de capacidade técnica para execução.
Ela também vê a continuação de uma gestão ruim ao se decidir por iniciar novas obras quando outras semelhantes, e às vezes mais urgentes, precisam ser finalizadas.
A especialista elenca ainda outros fatores que levam à paralisação: fraudes em licitações, que desviam o recurso da realização do empreendimento; falta ou deficiência de fiscalização da obra; e atrasos em pagamentos à empresa contratada.
Metrópoles