Supremo derruba três decretos sobre política ambiental do governo Bolsonaro

Supremo derruba três decretos sobre política ambiental do governo Bolsonaro

Ministros determinaram que governo restabeleça participação da sociedade em conselho do Meio Ambiente e que governadores voltem a integrar conselho da Amazônia legal.

Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou nesta quinta-feira (28) três decretos do governo Bolsonaro sobre política ambiental.

Os ministros julgaram uma ação do partido Rede Sustentabilidade que pediu a derrubada dos seguintes decretos:

  • o decreto que excluiu a participação da sociedade civil do conselho deliberativo do FNMA (Fundo Nacional do Meio Ambiente);
  • o decreto que, na prática, afastou os governadores de estados da Amazônia legal do Conselho Nacional da Amazônia Legal;
  • o decreto que extinguiu o Comitê Organizador do Fundo Amazônia — que implicou no afastamento integral da sociedade civil de manifestações sobre o fundo.

A ação do partido faz parte do chamado “pacote verde”, que discute políticas socioambientais adotadas no país nos últimos anos.

O julgamento começou no dia 7 de abril e foi concluído nesta quinta-feira (28) com o voto do presidente da Corte, Luiz Fux, pela derrubada das normas, acompanhando o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia.

Conselho do FNMA

Entre os decretos derrubados nesta quinta-feira (28), está o que retirou a participação da sociedade civil do conselho deliberativo do FNMA (Fundo Nacional do Meio Ambiente).

Antes, o colegiado era formado por 17 cadeiras, sendo nove do governo e oito da sociedade civil. Após o decreto, foram mantidos só nomes do governo.

O conselho é responsável por estabelecer prioridades e diretrizes para a atuação do FNMA, que é o mais antigo fundo da América Latina voltado para o meio ambiente.

maioria dos ministros seguiu o voto da relatora, a ministra Cármen Lúcia, que votou para derrubar trechos de decretos que alteraram a composição do colegiado. Para a relatora, as modificações fixando a exclusão da sociedade civil são inconstitucionais.

“A Constituição não é nem formal nem acanhada em cuidar da cidadania em matéria ambiental. A participação popular em matéria ambiental é fixada também em ajustes e compromissos firmados internacionalmente pelo Brasil”, disse a ministra.

Seguiram o voto da ministra na totalidade: Ricardo LewandowskiAlexandre de MoraesEdson FachinLuís Roberto BarrosoDias Toffoli e Luiz Fux.

O ministro Luiz Fux defendeu que “a participação popular é impositiva e, sendo impositiva, houve violação da Constituição”.

O ministro Nunes Marques divergiu da relatora e votou pela rejeição da ação. Ele afirmou que não havia exigência para que o conselho fosse composto por representantes da sociedade civil e que o Supremo não pode impedir o presidente de modificar o colegiado.

Outros decretos

Com relação aos outros dois decretos, os ministros André MendonçaRosa Weber e Gilmar Mendes defenderam que só era possível julgar o decreto que tratava do conselho deliberativo do FNMA. Eles entenderam que os outros dois decretos, apesar de terem alguma relação com o pedido da Rede, são atos distintos, que tratam da composição de órgãos diferentes.

No entanto, a opinião destes ministros não prevaleceu, e os outros decretos que tratam do Conselho Nacional da Amazônia Legal e do Comitê Organizador do Fundo Amazônia também foram derrubados.

G1

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