Damares e Queiroga visitaram menina que teve parada cardíaca depois de ter recebido a vacina contra a covid-19. Governo paulista já havia descartado reação ao imunizante
O Ministério da Saúde afirmou, nesta sexta-feira (21/1), que não há relação entre a vacinação da covid-19 e a parada cardíaca de uma criança de Lençóis Paulista (SP), fato que já havia sido confirmado por uma análise do governo de São Paulo. Declaração veio após os ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) visitarem a criança na quinta-feira (20/1).
Segundo a pasta, o evento adverso pós-vacinação foi descartado”. “A síndrome de Wolff-Parkinson-White, até então não diagnosticada e desconhecida pela família, levou a criança a ter uma crise de taquicardia, que resultou em instabilidade hemodinâmica”, disse o Ministério.
A investigação do caso foi conduzida de forma conjunta pela Divisão de Imunização do estado e pelos Grupos de Vigilância Epidemiológica de Botucatu e de Bauru, além do município de Lençóis Paulista. A menina de 10 anos recebeu o imunizante da Pfizer como indicado para sua faixa etária. Horas depois, a criança passou a apresentar sintomas que evoluíram para uma parada cardiorrespiratória. Segundo a investigação, houve um curto intervalo entre a imunização e o início dos sintomas, que não sustentaria a hipótese de uma miocardite desencadeada pela vacinação.
A visita dos ministros a Botucatu, cidade onde a criança está hospitalizada, foi alvo de críticas nas redes sociais. O presidente Jair Bolsonaro (PL) também chegou a telefonar para a família. Para os internautas, a movimentação foi uma tentativa de explorar politicamente o episódio. Opositores do Governo relembraram que nenhum dos ministros visitou famílias de crianças que foram mortas pelo coronavírus.
“Foram fazer campanha política antivacina. São pessoas sem alma, incapazes de amor ao próximo. Torcem pela morte para questionar a ciência”, escreveu o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), no Twitter.
Após a visita, Damares publicou, em uma rede social, que que teve encontro com a criança “hospitalizada após suspeita de parada cardíaca no mesmo dia em que recebeu a vacina contra Covid”. A publicação da ministra ignorou que a relação com a vacina já estava descartada, mesmo depois de o governo paulista ter concluído que a reação estava ligada à uma doença congênita rara da paciente.
“Se eles só passassem vergonha, tava de bom tamanho, já que é rotina pra eles! Mas criar Fake News sobre vacina continua sendo uma crueldade sem tamanho, custa vidas! As hospitalizações e as mortes por COVID-19 ainda não acabaram por culpa desse Governo”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues, se referindo à postagem de Damares.
Correio Braziliense