A implantação do Consórcio Nordeste para o HTLV encerrou, nesta sexta-feira (27), o 16º Simpósio Internacional sobre HTLV no Brasil. O objetivo é reunir os estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Gramde do Norte e Bahia com o Ministério da Saúde para discutir as estratégias futuras para a implantação da linha de cuidado da doença no Nordeste. O evento foi realizado a partir de quarta-feira (25), no Espaço Cultural, em João Pessoa, reunindo pesquisadores de diversos estados brasileiros e de fora do país, que apresentaram estudos e avanços sobre o HTLV – vírus que pertence à mesma família do HIV, mas, que é pouco conhecido.
Com o tema “Criando Redes para o Cuidado Integral às Pessoas Vivendo com HTLV”, o evento foi realizado pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES), em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Ministério da Saúde, Fiocruz, Unesco e as Secretarias de Estado da Saúde da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
De acordo com a chefe do Núcleo de IST/Aids da SES, Joanna Ramalho, o Consórcio é um excelente resultado do evento. “Será extremamente importante para unir forças em relação à implantação da linha de cuidado para HTLV, o que já vem ocorrendo aqui na Paraíba, por meio de um projeto piloto, onde o diagnóstico é feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PB), priorizando as gestantes no pré-natal de alto risco, para a prevenção da transmissão vertical, atendidas na Maternidade Frei Damião. E o evento trouxe todo o suporte de conhecimentos, discussões para que os profissionais de saúde envolvidos na linha de cuidado se capacitem, pois a nossa intenção é que ela seja ampliada para todo estado. Conforme o projeto piloto avance, o serviço será expandido para a agregação familiar, como filhos e outros parentes”, falou. Os exames são coletados na Frei Damião e processados pelo Lacen-PB e, caso a amostra seja reagente para HTLV, é feita na notificação compulsória via sistema Estadual (SISGEVS).
Durante o evento foram apresentados temas como “Epidemiologia da Infecção pelo HTLV no Brasil”, “Acompanhamento da Gestante Infectada pelo HTLV e do Recém-nascido”, “Transmissão intrafamiliar em indígenas da Amazônia”; “Tuberculose em pessoas portadoras de HTLV”, “Cuidado Integral ao Paciente”, entre diversos outros assuntos ligados ao vírus, segundo todos os palestrantes, bastante negligenciando no Brasil e no mundo.
Entre os participantes, portadores do vírus que fazem parte da Associação da Bahia HTLVida. A baiana Laurides Santos, de 47 anos, que está há quatro anos de cadeira de rodas, disse que é a primeira vez que participa de um evento dessa natureza. “Foi muito importante conhecer o que está evoluindo para ser usado em nós, pacientes”, disse.
O Simpósio contou também com o Grupo Saúde do Sorriso, do Hospital Clementino Fraga. Durante os três dias, vestidos com fantasias fazendo alusão a camisinhas femininas e masculinas, passaram a mensagem de que, como o vírus HTLV é sexualmente transmissível, o uso dos preservativos é fundamental. “A ideia é trazer o lúdico para incentivar as pessoas a se prevenirem, pois cada um é responsável pelos seus atos”, falou o ator e gerente do Ambulatório TT (Travestis e Transexuais) da unidade hospitalar.