O vasto acervo audiovisual da Fundação Casa de José Américo (FCJA), em João Pessoa, está em pleno processo de recuperação e mudança de suporte. Em breve, o material referente a esses arquivos estará acessível para todos, por meio do site oficial da instituição. O nome do projeto que traz essas imagens de volta ao olhar do público é ‘Acervo Audiovisual da FCJA: Imagem e Memória em 2022’, coordenado pelo professor e cineasta João de Lima (UFPB).
O primeiro governo focado pela pesquisa foi o do ex-governador Tarcísio de Miranda Burity. Inicialmente, a equipe do professor localizou os arquivos e fez um diagnóstico da sua situação, tanto do ponto de vista físico quanto do quantitativo. A seguir, estabeleceu uma sequência de medidas para preservar as peças mais ameaçadas.
Outra providência importante foi a mudança do suporte analógico para o digital. “O material, que já está tratado, passa por ajustes finais para, em breve, ser divulgado no site da Fundação. Essa ação possibilitará o acesso dos pesquisadores”, diz o professor. Depois disso, a mesma metodologia será aplicada com os demais arquivos — o próximo da lista é o do patrono da FCJA, o escritor, ex-governador e ministro José Américo de Almeida.
Para tratar e salvaguardar esse acervo, que registra momentos marcantes da história paraibana, a FCJA firmou uma parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq). O projeto voltado aos arquivos audiovisuais é, na verdade, um subprojeto, que complementa, juntamente com outros quatro, um projeto maior, chamado ‘Preservação da Memória e Difusão Educativa e Cultural do Acervo da Fundação Casa de José Américo’.
Colaboração – De acordo com João de Lima, a tarefa conta com contribuições importantes para a sua realização, como o trabalho técnico de Adilson Luiz Silva, do Instituto de Federal da Paraíba (IFPB); a pesquisa de Hélder Nóbrega, mestre em artes visuais e bacharel em audiovisual pela UFPB; e a dedicação de Eduardo Alex dos Santos e Maria Luiza Ramos, bolsistas da Fapesq. O apoio institucional ficou por conta da gerente executiva do Arquivo, Lúcia Guerra, e das arquivistas Janice Viegas e Nercy Marinho, também da Fundação.
“Um destaque dessa pesquisa foi a oficina de preservação ministrada pelo restaurador José Maria Lopes, membro do Museu da Imagem e do Som de São Paulo”, diz ele. A oficina aconteceu em dezembro de 2022, com a parceria da Fapesq, da Academia Paraibana de Cinema e da Aliança Francesa.
Perdas – No transcurso do projeto, alguns percalços foram enfrentados. “Infelizmente, no processo de diagnóstico, identificamos peças que não poderiam ser recuperadas; o acondicionamento inadequado e a maresia contribuíram para as perdas”, conta João. Para impedir o progresso de deterioração, foi preciso adequar salas e comprar latas específicas para o acondicionamento do acervo.
Salvaguarda – As outras quatro pesquisas do projeto Preservação da Memória e Difusão Educativa e Cultural do Acervo FCJA, cada uma com sua equipe, buscam: desvendar os escritos de José Américo; discutir o processo de elaboração literária na década de 1920; realizar estudos sobre o livro A Paraíba e seus problemas, de José Américo — cujo centenário é neste ano; e difundir o patrimônio cultural representado pela memória do maestro José Siqueira.