“É um momento muito difícil, mas a gente procura entender que tem muitas pessoas precisando, que estão na fila de espera. Eu não lembro o que minha irmã pensava sobre doação de órgãos, numa hora dessas, é difícil lembrar, mas ela gostava muito de viver e vai continuar vivendo salvando a vida de outras pessoas. Quando a assistência social nos procurou sobre a doação de órgãos eu falei com minha irmã mais nova, para ela conversar com minha mãe primeiro, e minha mãe aceitou com certeza, porque ela pensa assim como eu. Então, fizemos essa boa ação por saber que os órgãos dela vão seguir para outras pessoas e salvar vidas”.
O relato é de Sônia Maria Belo, de 46 anos, irmã da doadora, uma mulher de 38 anos, que morreu vítima de um Trauma Crânio Encefálico (TCE), provocado por um acidente de trânsito com moto, ocorrido no último domingo (16). Com a decisão da família, o suporte ao potencial doador de órgãos é mantido até o momento da captação, prevista para acontecer nesta quarta-feira (19) no Hospital de Trauma de Campina Grande.
Esta é a 18ª captação de múltiplos órgãos do ano, por meio da qual serão doados o fígado, os rins e as córneas. De acordo com a Central de Transplante da Paraíba, o rim esquerdo será encaminhado para um homem de 42 anos, o fígado para um homem de 70 anos, ambos na Paraíba, o rim direito irá para uma mulher de Pernambuco. Enquanto as córneas seguem para o Banco de Olhos da Paraíba, onde serão avaliadas e posteriormente transplantadas.
De acordo com a diretora da Central Estadual de Transplantes, Rafaela Dias, o diagnóstico da morte encefálica é o ponto inicial para o desencadeamento do processo de doação e transplantes de órgãos. É uma realidade dolorosa e irreversível, onde a lesão nervosa leva à perda completa da atividade cerebral, sendo essa condição reconhecida legalmente como morte clínica. “É um momento difícil, mas é importante lembrar que este é um ato que pode salvar vidas. A doação é regulamentada por leis e diretrizes éticas, garantindo que os órgãos sejam encaminhados de forma adequada para transplantes. Doar é um ato de generosidade que pode dar esperança e uma segunda chance a pessoas que lutam por suas vidas. É uma forma valiosa de deixar um legado positivo, mesmo após a morte, de um ente querido”, explica.
Este ano, a Paraíba já realizou 141 transplantes, sendo 100 de córneas, seis de corações, 20 de rins, 12 de fígados e três de medula óssea.