A imobilidade pode causar várias complicações que influenciam na recuperação de doentes críticos, impactando no aumento de comorbidades e na taxa de mortalidade, além de aumentar a frequência de utilização da alta complexidade, e sobrecarregar as famílias e o sistema de saúde. Visando amenizar complicações como estas, a hemodinâmica do Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, que é gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde), executa o Protocolo de Mobilização Precoce desde a inauguração dos serviços e já está apresentando resultados positivos significativos para esse problema de saúde pública.
De acordo com o responsável técnico da Fisioterapia em Campina Grande, Henrique de Almeida Veras, a realização deste protocolo está promovendo o aumento da funcionalidade dos pacientes internos, além de contribuir para diminuição das complicações secundárias à imobilização. “Os benefícios da plena execução do Protocolo de Mobilização Precoce são muitos, estamos observando a melhora do nível de consciência, da função cardiorrespiratória e metabólica, além do aumento da independência funcional e redução do tempo da Ventilação Mecânica e de internação hospitalar dos nossos pacientes”, explicou o fisioterapeuta.
Quem já está sentindo os benefícios dessa prática é a paciente Bernadete da Costa Brito, de 78 anos, que está em recuperação na UTI cardiológica da unidade, após a realização de uma angioplastia. Bernadete realizou a segunda sessão de fisioterapia do Protocolo de Mobilização Precoce nesta quarta-feira (31) e está gostando muito dos exercícios que vem praticando.
“Para mim, ter esse cuidado tão atencioso é uma maravilha, eu gostei muito dos exercícios que fiz hoje e sei que vão me ajudar na recuperação. O bom da fisioterapia é que eu não fico só deitada na cama, dou umas voltinhas caminhando e vou fazendo os exercícios que ela me orienta, então dá uma animada no meu dia. Eu acho tão bonito o trabalho das pessoas que nos atendem, esse momento é muito importante e especial pra mim, era meu sonho e o da minha neta ser fisioterapeuta”, relatou Bernadete.
A fisioterapeuta intensivista Rute Maria Rocha foi a profissional que realizou essa segunda sessão de fisioterapia com a paciente Bernadete. Ela esclareceu que a mobilização precoce, geralmente, é iniciada a partir do primeiro dia da entrada na UTI, após a avaliação do quadro clínico e das limitações do paciente. Durante a prática, são realizados alongamentos, sedestação em poltrona, além de exercícios no leito, com faixa elástica, bola terapêutica, exercícios respiratórios, entre outros.
“Essa mobilização precoce na UTI é de extrema importância porque nosso sistema musculoesquelético é projetado para se manter em movimento e os estudos demonstram que, a cada sete dias de repouso no leito, pode ocorrer uma perda de 30% a 50% da força muscular. Alterações do sistema ósseo, articular e muscular, provenientes desta perda da força muscular, geram contraturas e atrofia muscular que prejudicam a funcionalidade do indivíduo. Então, quanto mais rápido começar a intervenção por meio da mobilização precoce, menores são as chances do paciente desenvolver alguma complicação”, pontuou Rute Maria.
Os responsáveis pela avaliação inicial, indicações, progressões e contra-indicações da mobilização precoce são os fisioterapeutas intensivistas adultos, de acordo com Henrique Veras. “Estes profissionais são os responsáveis pela tomada de decisão que é baseada nos parâmetros elencados nas instruções de trabalho disponibilizadas no setor para todos os nossos colaboradores”, afirmou o responsável técnico da Fisioterapia.
Para que os profissionais da equipe multidisciplinar consigam identificar os pacientes elegíveis à mobilização, Henrique explicou que cada leito dispõe de placas sinalizadoras da Mobilização Precoce nas cores verde, amarela e vermelha. Sendo:
Verde: baixo risco para efeitos adversos, proceder normalmente com os protocolos da UTI;
Amarela: risco potencial, efeitos adversos mais altos que o verde, mas podem ser superados pelos benefícios potenciais da mobilização;
Vermelha: alto risco para efeitos adversos, mobilização ativa não deve ocorrer neste momento.
“A seleção da cor é feita diariamente pelos fisioterapeutas plantonistas que ajustam as placas para a situação clínica atual de cada paciente. As escalas funcionais aplicadas pela equipe vêm mostrando um grande impacto positivo em nossa assistência, ao verificarmos e monitorarmos o desempenho funcional dos pacientes, auxiliamos na elaboração do plano de cuidados e no tratamento adequado para cada paciente”, frisou Henrique.