Os dois blocões da Câmara e do Senado começaram as articulações para definir presidência e relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, criada na quarta-feira com a leitura do requerimento, feita pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Pela movimentação nos bastidores das Casas, a presidência da comissão ficará com a Câmara, e o mais cotado para a função é o deputado Arthur Maia (União-BA). Caberá ao Senado, portanto, a relatoria. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) é o principal nome para o posto.
Arthur Maia integra a ala do União Brasil que não é tão próxima ao governo, apesar de o partido comandado por Luciano Bivar ter indicado três ministros para o Executivo. O deputado chegou a afirmar em entrevistas que “não tem motivos para votar com o governo” e também declarou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições passadas. Ele, no entanto, é considerado um parlamentar experiente. No currículo, tem a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O governo avalia que o parlamentar terá uma atuação imparcial.
“Fui indicado pelo meu partido como membro titular da CPMI do 8 de janeiro. Esse assunto tem sido tratado de uma maneira muito radicalizada e passional e isso dificulta muito a discussão. Portanto, trabalharemos com isenção e responsabilidade, tendo em vista a importância do tema para o Brasil. A história merece ter um esclarecimento do que de fato aconteceu no dia 8 de janeiro”, disse o deputado, nas redes sociais.
O nome de Maia ganhou mais força após o deputado André Fufuca (PP-MA) desistir de postular a presidência da CPMI. Ele alegou que não poderia assumir, neste momento, “uma missão desse porte”. “Tenho a responsabilidade e a satisfação de liderar a bancada do Progressistas, compromisso que requer de mim toda a dedicação e empenho (…). A presidência de uma comissão tão importante para o nosso país exige dedicação exclusiva para a condução dos trabalhos com equilíbrio e correção”, argumentou Fufuca, em comunicado.
Já o mais cotado para relator, Braga é aliado do governo. O favorito ao cargo era o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que tem relação muito próxima com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Porém, devido à rixa dele com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o governo teve de buscar outro nome.