Senadores da CPI da Covid avaliam nova acusação contra Bolsonaro na Justiça

Senadores da CPI da Covid avaliam nova acusação contra Bolsonaro na Justiça

Senadores que foram membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 começaram a reunir os documentos necessários para a ofensiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu o foro privilegiado. Parlamentares avaliam que agora, com as investigações tramitando na Justiça comum, o resultado pode ser diferente, com expectativa de que o caso seja julgado em primeira instância.

O grupo acionou, na última quinta-feira, a Advocacia do Senado para fazer uma “radiografia” dos processos instaurados após a apresentação do relatório final e reunir todos os documentos que consideram ser provas de crimes. Entre os parlamentares estão os senadores Randolfe Rodrigues (Rede) — vice-presidente da CPI e autor do requerimento para abertura da investigação — e Humberto Costa (PT-PE).

“Vamos reunir as provas dos crimes cometidos por Bolsonaro, que não tem mais como se esconder por trás do foro privilegiado. A justiça será feita. A gestão irresponsável na pandemia não passará impune”, garantiu Costa.

O  relatório final da CPI da Covid foi apresentado em outubro de 2021 pelo relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). O texto acusou formalmente o então presidente de ter cometido nove crimes: prevaricação, charlatanismo, epidemia com resultado morte, infração a medidas sanitárias preventivas, emprego irregular de verba pública, incitação ao crime, falsificação de documentos particulares, crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade.

Arquivamento

As acusações foram entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 28 de outubro daquele ano. Meses depois, em janeiro de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) desmembrou a investigação em 12 apurações a partir do relatório final. Caberia à Procuradoria-Geral da República (PGR) apurar e, se fosse o caso, oferecer denúncias contra os investigados. Em julho do ano passado, contudo, a PGR deu início a pedidos de arquivamento de investigações contra o então presidente.

Alguns processos que estavam com o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), já foram arquivados, mas o Supremo recusou o arquivamento de ao menos dois pedidos feitos pela Procuradoria-Geral: o das investigações por emprego irregular de verba pública e charlatanismo.

Trata-se de crimes que, se somados, alcançam dois anos e três meses de prisão.Como o ex-presidente Bolsonaro e seus ministros de Estado, que motivaram a fixação do foro no STF, perderam essa condição privilegiada, os processos devem ser encaminhados automaticamente à primeira instância.

Correio Braziliense

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