Pesca ilegal no Vale do Javari ameaça indígenas e lava dinheiro do tráfico

Pesca ilegal no Vale do Javari ameaça indígenas e lava dinheiro do tráfico

Vale do Javari: como ocorre a pesca ilegal na região onde estavam Dom e Bruno

Apenas a pesca para alimentação dos próprios pescadores e de suas famílias é autorizada na região.

No Vale do Javari, região onde foram mortos o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, apenas a pesca para alimentação dos próprios pescadores e de suas famílias é autorizada.

Apesar de proibida, a pesca ilegal na terra indígena acontece em larga escala, como mostrou reportagem do Fantástico. A pesca comercial e predatória esgota os recursos dos quais os indígenas dependem para viver.

Os pescadores retiram ilegalmente toneladas de pirarucu e de piracatinga. Esse último tem sua captura e comércio proibidos no Brasil, não só pelo dano à própria espécie, mas porque os pescadores matam botos e jacarés para usar como isca.

Sem mercado por aqui, a piracatinga é contrabandeada para a Colômbia, num esquema que supostamente lava dinheiro do tráfico e financia a entrada de drogas no Brasil.

Fotos mostram que a pesca ilegal no Vale do Javari acontece em grande escala — Foto: Reprodução

Fotos mostram que a pesca ilegal no Vale do Javari acontece em grande escala — Foto: Reprodução

Amarildo da Costa Oliveira, que confessou ter assassinado Bruno Pereira e Dom Phillips, é pescador naquela região.

Em um documento obtido pelo g1 no último domingo (12), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denunciou que Amarildo estava com um grupo de quatro ou cinco pessoas pescando no interior do Vale do Javari, próximo a aldeia Korubo, no dia 3 de abril.

Segundo o documento, “eles estariam de canoa pequena, no lago do Bananeira, na margem direita do rio Ituí, pescando peixe liso e pirarucu”. O documento cita ainda que ‘Pelado’ é apontado como um dos autores de diversos atentados com arma de fogo contra a Base de Proteção da Funai entre 2018 e 2019 no Vale do Javari.

Um amigo de Bruno Pereira, que preferiu não se identificar, afirmou, na sexta-feira (10) , que o indigenista foi ameaçado por Amarildo um dia antes de desaparecer.

O risco criado pela presença constante de caçadores e pescadores ilegais era alvo dos alertas e denúncias de Bruno Pereira. Em vídeo gravado em 2020, o indigenista denunciou a volta de garimpeiros à terra indígena do Vale do Javari menos de um ano após uma operação contra a presença deles na região.

“Há denúncias da presença constante em algumas regiões da terra indígena de caçadores e pescadores profissionais. Isso é extremamente grave”.

G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Instagram
WhatsApp