Empresário diz à PF que pagou R$ 9,5 mil para reforma de escritório de Jair Renan Bolsonaro

Empresário diz à PF que pagou R$ 9,5 mil para reforma de escritório de Jair Renan Bolsonaro

Luis Felipe Belmonte foi ouvido em inquérito que apura se filho de presidente atuou junto ao governo federal em benefício da própria empresa.

O empresário Luís Felipe Belmonte afirmou em depoimento à Polícia Federal que pagou R$ 9,5 mil para reformar o escritório de Jair Renan Bolsonaro, o chamado “filho zero quatro” do presidente Jair Bolsonaro.

Belmonte depôs no último dia 20 de abril à PF no inquérito que apura se Jair Renan atuou junto ao governo federal em benefício da própria empresa. O depoimento foi revelado nesta sexta-feira (13) pelo jornal “O Globo”.

A PF tenta esclarecer em quais circunstâncias Jair Renan Bolsonaro conseguiu a ajuda de empresários para financiar a montagem de um escritório dentro do estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Jair Renan, filho do presidente Jair Bolsonaro, em imagem de fevereiro do ano passado — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Jair Renan, filho do presidente Jair Bolsonaro, em imagem de fevereiro do ano passado — Foto: Ueslei

Segundo Belmonte, foi o próprio Jair Renan e o parceiro comercial dele, Allan Lucena, que pediram uma contribuição financeira para melhorar a sala comercial onde o filho do presidente trabalha.

Aos investigadores, o empresário afirmou que não pediu nem recebeu qualquer contrapartida de Jair Renan pela doação na reforma do escritório.

Belmonte disse também não ter nenhum negócio com o poder público e que o fato de Jair Renan ser filho do presidente da República é “irrelevante”.

Luis Felipe Belmonte foi um dos principais financiadores e organizadores do Aliança Brasil, partido que Bolsonaro pretendia criar, mas que nem sequer teve a autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ser criado.

No último dia 7 de abril, Jair Renan Bolsonaro depôs durante três horas à Polícia Federal acompanhado do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.

Segundo o advogado, Jair Renan nunca recebeu qualquer vantagem indevida e nem atuou a favor de nenhuma empresa junto ao governo federal. Para Wassef, a denúncia contra Jair Renan tem por objetivo atingir a imagem do presidente Jair Bolsonaro.

O que a PF investiga

PF investiga se, em novembro do ano passado, Jair Renan Bolsonaro atuou para que o grupo empresarial conseguisse duas reuniões no Ministério do Desenvolvimento Regional a fim de falar sobre um projeto de construção de casas populares.

À época da abertura do inquérito, o Ministério do Desenvolvimento Regional disse que as reuniões foram marcadas a pedido de Jair Fonseca, um assessor especial do presidente da República.

Renan Bolsonaro e o parceiro comercial dele, Allan Lucena, participaram pessoalmente das duas reuniões no ministério, ao lado de empresários em novembro do ano passado.

Em uma dessas reuniões, o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) estava presente. Na agenda pública, só o nome do assessor da presidência aparece — não há menções ao filho do presidente ou aos empresários.

A empresa de Jair Renan

A Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, empresa de Jair Renan, foi criada no final de 2020. A festa de inauguração do escritório teve cobertura de fotos e vídeos feita de graça por uma produtora que prestava serviços para o governo federal.

Nas redes sociais da empresa do filho do presidente havia, à época da abertura das investigações, fotos de duas peças de mármore que decoram o escritório.

A empresa Gramazini, do ramo de mineração e construção, foi marcada nessa publicação. Um dos sócios da Gramazini foi à festa de inauguração da empresa.

Um parceiro comercial do filho do presidente, Allan Lucena, que dividia o escritório com ele, disse que ganhou um carro elétrico da empresa Neon Motors, ligada a esse mesmo grupo empresarial, como revelou o jornal “O Globo”.

Em um vídeo, Allan Lucena aparece saindo do carro que, segundo ele, foi doado pelas empresas “Gramazine e grupo WK”.

Em outro vídeo, publicado na rede social de uma empresa envolvida na doação, é possível ver Renan Bolsonaro caminhando no pátio de uma empresa de granito do grupo, no Espírito Santo. Ao fundo, aparece um carro como o que foi doado ao parceiro do filho do presidente.

Os crimes investigados

São os seguintes os supostos crimes que a Polícia Federal apura:

  • Tráfico de influência: conforme a legislação penal, considera-se tráfico de influência “solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função”. A pena é de reclusão de 2 a 5 anos e pode ser aumentada quando o “agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário”.
  • Lavagem de dinheiro: prática usada para encobrir a origem de dinheiro ilegal. O crime foi regulamentado pela Lei 12.683 de 2012, que ampliou a abrangência da legislação penal. A lei configura lavagem de dinheiro como sendo a “dissimulação e ocultação da origem de recursos provenientes de qualquer crime ou contravenção penal”.
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Nota da defesa do empresário

Leia abaixo a íntegra de nota divulgada pelos advogados de Luís Felipe Belmonte.

A Defesa de Luís Felipe Belmonte dos Santos esclarece que este compareceu à Polícia Federal na qualidade de testemunha, desacompanhado de Advogado, oportunidade em que confirmou ter auxiliado o Sr. Renan Bolsonaro na montagem de seu escritório Camarote 311, para atuar no setor de jogos eletrônicos, exclusivamente com a finalidade de remunerar os honorários da arquiteta responsável pelo respectivo projeto, no montante de R$ 9.500,00 (nove mil e quinhentos reais).

Esse pagamento foi realizado de forma transparente, por via de transferência bancária, tendo sido declarado na contabilidade de sua empresa, e não buscou ou obteve qualquer espécie de contrapartida do beneficiário ou do governo.

Luís Felipe desempenha atividade apenas na iniciativa privada, sem qualquer relacionamento com o setor público, já tendo auxiliado, em sua trajetória, inúmeras pessoas em diversas atividades esportivas, sempre sem qualquer contraprestação.

Lamenta a exploração política de seu nome em um ato lícito, feito às claras, razão pela qual se encontra absolutamente tranquilo de sua conduta e desafia quem quer que seja a comprovar algum interesse subjacente ao referido auxílio.

Eduardo de Vilhena Toledo

José Francisco Fischinger

g1

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