Na véspera, brasileiro disse ter mandado Itamaraty felicitar ‘o tal Boric’ por vitória no Chile
O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, reagiu nesta sexta-feira (24) a comentários feitos por Jair Bolsonaro (PL) na véspera e afirmou: “claramente, somos muito diferentes”.
Na quinta (23), o presidente brasileiro afirmou em sua live semanal que havia determinado ao Ministério das Relações Exteriores felicitar “o tal Boric”, após quatro dias de silêncio do governo sobre a vitória do esquerdista nas eleições presidenciais do Chile. Entre os principais países da América do Sul, o Brasil foi o último a se pronunciar.
Já na quarta (22), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, escreveu no Twitter que a proposta de Boric de elevar impostos para financiar políticas sociais é “algo muito parecido com o que prometiam Chávez e Maduro”, em referência ao ex-presidente e ao atual ditador da Venezuela.
Após tomar a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 nesta sexta, Boric foi questionado sobre os comentários do presidente brasileiro e de seu filho. Segundo o jornal chileno na Terceira, o esquerdista respondeu: “Não havia visto isso, vamos analisar depois. Não farei declarações destemperadas. Creio que em políticas de Estado é preciso ser um pouco mais cuidadoso”.
Gabriel Boric, líder dos protestos estudantis de 2011, foi eleito presidente do Chile no domingo (19) ao derrotar o ultradireitista José Antonio Kast, candidato de apreço do bolsonarismo.
Ao reunir o apoio de 4,6 milhões de eleitores (55,8% contra 44,1%), o nome da Frente Ampla se tornou o candidato mais votado da história chilena.
Em uma eleição em que os partidos tradicionais foram rejeitados nas urnas, Boric, 35, representa uma nova geração de políticos que surgiram com as revoltas estudantis de 2011.
lá fora
Para conseguir o apoio necessário para a vitória, porém, ele moderou o discurso e se reconciliou com a Concertação, aliança de centro-esquerda que governou o Chile por 20 anos.
Ao longo da campanha, Boric também fez críticas aos regimes de esquerda em Cuba, Nicarágua e Venezuela, acusados de minar as instituições democráticas e de violar os direitos humanos.
FOLHA DE SÃO PAULO/Foto: Javier Torres – 21.dez.2021/AFP