O atendimento acontece às quintas-feiras, na Policlínica do Cristo.
A alergia à proteína do leite de vaca nem sempre é diagnosticada nas primeiras consultas. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) não ofereça atendimento dermatológico para quem sofre com esse tipo de alergia, a Prefeitura de João Pessoa, através de uma parceria com a Associação de Apoio a APLV e Alergias Alimentares da Paraíba (A4PB), atende crianças nesta condição. O atendimento acontece às quintas-feiras, na Policlínica do Cristo.
A alergia à proteína do leite de vaca é provavelmente a causa mais comum de alergia alimentar em crianças e apresenta vários sintomas, como refluxo, vômito frequente, ressecamento da pele, assaduras, placas avermelhadas no corpo, inchaço nos lábios e coceira.
De acordo com a dermatologista Stephanny Pessoa, que atende os pacientes na Policlínica do Cristo, o objetivo dessa parceria é acompanhar crianças que têm diagnóstico de alergia alimentar ao leite de vaca, pois foi observada uma carência muito grande da população em relação ao atendimento de um especialista que possa acompanhar essas crianças.
“Às vezes, a mãe que está amamentando come algum alimento com leite e passa para a criança, que apresenta reações. A gente precisa saber, também, se na dieta da mãe existem alimentos que não contém a proteína do leite de vaca, mas têm traços, pois dependendo do grau de alergia da criança, ela pode ser muito reativa”, explica a dermatologista.
Este é o caso da estudante universitária Yasmin Paixão. Com duas semanas de vida, a filha passou a ter refluxo, dificuldade para dormir. Depois apareceram umas reações cutâneas. Quando a menina completou um mês, ela procurou a pediatra, que falou da possibilidade da alergia à proteína do leite de vaca.
“Ela apresentou um quadro de refluxo muito forte, toda vez que mamava, regurgitava. Além disso, a barriga dela estava muito distendida. A pediatra levantou a suspeita da alergia à proteína do leite. Então eu retirei tudo que continha leite e derivados da minha alimentação. Ainda assim apareceram assaduras, carocinhos na pele”, relata Yasmin.
Segundo Yasmin, ela foi encaminhada para a dermatologista Stephanny Pessoa, que atende na Policlínica do Cristo, e através da parceria da Secretaria de Saúde com a Associação de Apoio a APLV e Alergias Alimentares da Paraíba (A4PB), oferece atendimento às crianças com alergia à proteína do leite.
“Minha filha estava com a pele ressecada quando foi atendida pela doutora Stephanny, que me orientou sobre a forma correta do tratamento. Faz quatro meses que minha filha vem sendo acompanhada pela dermatologista e desde então só vejo melhora. Ela não tem mais assaduras, a pele está ótima e os demais sintomas estão estabilizando”, conta.
Características – As principais características de alterações dermatológicas que leva a suspeitar de alergia à proteína do leite são placas avermelhadas, que geralmente coçam. As crianças também podem apresentar edema nos lábios e nos olhos. As mais reativas podem ter edema na garganta e podem morrer por choque anafilático.
Stephanny Pessoa diz que é comum confundir a alergia à proteína do leite de vaca com intolerância à lactose, mas são diferentes. “A alergia ao leite é como se o organismo desenvolvesse um mecanismo que detecta que aquela proteína não é boa e reage contra. Já a intolerância é quando o organismo para de produzir lactase, a enzima que digere a lactose, tendo sintomas leves, geralmente gastrointestinais, como diarreia e distensão abdominal”, esclarece.
A dermatologista destaca ainda que a alergia à proteína do leite de vaca é uma doença que ocorre predominantemente na infância e é de caráter curativo. A maioria dos casos evolui para cura total.
Serviço – A Policlínica do Cristo oferece atendimento de dermatologia de segunda à quarta-feira, nos dois turnos, e na quinta pela manhã. Mas o atendimento é regulado, ou seja, o usuário precisa fazer a consulta na unidade de saúde da família (USF) mais próxima de sua casa.
Como ter acesso aos serviços da A4PB – As pessoas devem entrar em contato com a associação pelo Instagram (@unidasmamaes) ou pelo telefone (83) 99650-8737. “Após o contato, a mãe é adicionada aos grupos da associação, e caso necessite de atendimento nós fazemos uma avaliação e encaminhamos para o especialista de acordo com o quadro de cada criança”, diz Kayze Nobre, presidente da A4PB.
“A mãe explica os sintomas da criança e, a partir disso, ela participa de uma lista para cada especialidade. Para o atendimento dermatológico, feito na Policlínica do Cristo, temos uma médica que atende cinco pacientes por semana, todos com retorno já marcado. Lembrando que nosso atendimento é para famílias carentes que não têm planos de saúde”, enfatiza Kayze.
Foto: Dayse Euzébio e Kleide Teixeira